Morte, luto e aprendizagens

A coluna desse mês será um poema precioso do aclamado escritor Paulo Coelho sobre a morte, o luto e as aprendizagens.

Deus costuma usar a solidão
Para nos ensinar sobre a convivência.
Às vezes, usa a raiva para que possamos
Compreender o infinito valor da paz.
Outras vezes usa o tédio, quando quer
nos mostrar a importância da aventura e do abandono.
Deus costuma usar o silêncio para nos ensinar
sobre a responsabilidade do que dizemos.
Às vezes usa o cansaço, para que possamos
Compreender o valor do despertar.
Outras vezes usa a doença, quando quer
Nos mostrar a importância da saúde.
Deus costuma usar o fogo,
para nos ensinar a andar sobre a água.
Às vezes, usa a terra, para que possamos
Compreender o valor do ar.
Outras vezes usa a morte, quando quer
Nos mostrar a importância da vida.

Grande Paulo Coelho! Só reconhecemos um momento feliz quando passamos por um triste. Só encontramos novos caminhos quando ficamos doentes. E, por vezes, só entendemos a vida quando nos deparamos com a morte de quem amamos. Assim os extremos se encaixam. O luto também é uma oportunidade de perdoar todos que estão a sua volta, se perdoar e viver prezando cada dia.


Um abraço, Gabriela Hoffmann.

E quando a morte é provocada? Leitor amigo, precisamos falar sobre o suicídio.

E quando a morte é provocada? Leitor amigo, precisamos falar sobre o suicídio.

Quando alguém provoca a sua própria morte provoca também reações diferentes, nos que ficam, das reações causadas por mortes naturais.
Essa consequência se estende a cerimônia religiosa que pode ser negada frente ao fato de algumas convicções religiosas acreditarem que o suicídio é um pecado. Com todos esses desdobramentos, o peso dos familiares tornasse ainda maior. A CULPA é um dos sentimentos mais destrutivos e comuns dos que conviveram com alguém que se matou. Vamos ler juntos agora como evitar a morte precoce. O suicídio é uma morte que eu e você podemos evitar!

Porque alguém comete suicídio?

Não há uma campanha de conscientização sobre a depressão, como ocorreu com a da Aids, no Brasil. Atualmente o suicídio mata mais que a AIDS em nosso país. E isso não precisava ser assim. A população precisa ser mais bem informada de que depressão é uma doença e que precisa de tratamento com remédio e psicólogo. E que não é vergonhoso frequentar um psicólogo. Há muito preconceito ainda por parte da população com o tratamento e desconhecimento sobre os sintomas de alguém que está deprimido.

São poucos os casos em quem o suicídio não precede a um transtorno mental. Ou seja, na grande maioria dos casos de quem tira a própria vida são pessoas que possuem algum transtorno mental. E o transtorno mental que mais mata é a depressão.

Existem pessoas se matam como uma forma de vingança (deixar alguém se sentindo culpado), mas são a minoria de casos. E, em uma pequena parte, o suicídio também está ligado a fatores genéticos e herdados dos povos antigos. Mas o grande vilão é a depressão.

Em nosso meio escutamos muitas pessoas dizendo “eu não teria coragem de me matar”, “como essa pessoa é egoísta em ter se matado e deixar tantas pessoas sofrendo” e “é o diabo agindo”. Mas esses pensamentos estão equivocados e os pensamentos suicidas mais comuns são os de que “se sentia tão fraco e sem coragem que se matou” ou “achava que não era ninguém e que não faria falta. Acreditava que sua existência era um peso para as pessoas que amava”.

Vamos aos dados estatísticos (IBGE e Datasul):

Tem sido registrado um aumento no número de suicídios em todas as faixas etárias: crianças, jovens, adultos e idosos;
No Brasil as pessoas que mais se suicidaram foram as menos escolarizadas, indígenas (132% mais casos que na população em geral) e homens maiores de 59 anos;
O suicídio é predominante no sexo masculino, com exceção da Índia e China;
Os homens brasileiros têm 3,7 vezes mais chances de se matar que as mulheres;
Os suicídios no país vêm aumentando de forma progressiva e constante: a década de 1980 praticamente não teve crescimento (2,7%); na década de 1990 o crescimento foi de 18,8%, e daí até 2012, de 33,3%”;
Para os suicidas “cão que ladra morde sim”…

É comum ouvirmos que “quem quer se matar não ameaça. Se mata e pronto. Quem ameaça quer só chamar a atenção”. Mas a maioria das pessoas que se suicidem antes deixam pistas em suas atitudes e algumas anunciam o desejo em morrer e se matar! Logo, nesse caso, o ditado popular “cão que ladra não morte” não pode ser utilizado.

As estatísticas apontam que para cada 4 tentativas de um idoso 1 consegue se suicidar. Já para os adolescentes são 200 tentativas para 1 suicídio de fato. Ou seja: O adolescente tenta mais, mas o idoso chega a cometer mais suicídio.

Porque os jovens e até mesmo as crianças se matam?

A culpa não é dos jogos suicidas em si, como a Baleia Azul, e das séries televisivas (como “As treze razões para” que conta os motivos do suicídio de uma garota). Lógico que eles estimulam o jovem que já está frágil. As maiores razões para que os jovens cometam suicídios são: as pessoas que convivem com eles não levam a sério quando eles ameaçam se matar ou quando estão agressivos acreditando ser uma fase ou modo de chamar a atenção; falta de perspectiva de vida (insegurança física e econômica – instaurada em nosso país de crise e corrupção), fracasso na escola ou com parceiro romântico, são mais impulsivos ignorando a irreversibilidade da morte e, por fim, os jovens tem mais dificuldades de pedir ajuda.

Porque os homens se matam mais que as mulheres?

Falam menos dos seus sentimentos, são mais agressivos, tem menos fé/ religiosidade, e à principal causa é que os homens são mais letais na tentativa de se matar que as mulheres e acabam tendo mais êxito que elas (exemplo: se jogam pela janela. Já as mulheres tomam muitos comprimidos).

Como identificar um potencial suicida?

  • Isolamento social
  • Mudança brusca de comportamento
  • Comportamento muito eufórico ou muito deprimido
  • Auto mutilação, cortes no corpo (usam roupas compridas para esconderem);
  • Falta investimento pessoal (desleixo com aparência)

Como você pode salvar alguém?

Ouvir, sem julgar, e ir junto em busca de ajuda de um psicólogo (para tratar a causa do problema) e um médico (para utilizar medicação – que nesses casos pelo rápido efeito que possui é imprescindível). Há opções sem custo que fornecem tratamento adequado para esses casos como o Centros de Apoio Psicossocial (CAPS) e o Centro de Valorização da Vida (CVV) que apoia emocionalmente e preveni o suicídio através de uma conversa pelo telefone 24 horas por dia através do número 141.

Até o próximo mês! Um abraço!