E como tornar um luto um processo menos dolorido?

Olá caro leitor! Vamos falar sobre a morte?

Mensalmente teremos novos textos falando sobre a morte, o luto e a superação dessas dores profundas! Escreverei com carinho para te fazer refletir sobre esse assunto que certamente já passou pela sua vida!

Vivemos numa sociedade onde a vitalidade e a longevidade são cada vez mais cobiçadas. Desenvolvem-se inúmeros produtos e pesquisas para aumentar o tempo de vida na terra e para sermos jovens por mais tempo. E essa é a sua meta, a minha meta e a meta da maioria que nos roda. O cuidado com a alimentação redobra, aumentam o número de academias de ginástica, de vendas de produtos para a saúde, entre outros. E, por isso, destinamos espaços cada vez menores para a morte, ela não é olhada como decorrência natural da vida; é tratada com distanciamento, como se não viesse a nos atingir em algum momento.

É essencial falarmos sobre a nossa morte. É comum comentarmos da morte dos outros. Mortes essas que tomamos conhecimento através dos noticiários ou pelos amigos. Mas é raro falarmos da nossa própria morte ou da morte de quem amamos. E a nossa morte, e a morte daqueles que nos cercam, é uma das poucas certezas absolutas que temos na vida. Quando alguém fala sobre a própria futura-morte costumamos cortar o assunto, taxar a pessoa de fúnebre ou depressiva.

Eu tenho a recordação de falar sobre a morte em minha casa, mesmo desde muito jovem, e ser reprimida pela minha irmã que dizia “Pare de falar isso, Gabriela! Não quero nem pensar em a nossa mãe morrer”. Pois é, querido leitor, infelizmente temos que pensar nisso em alguns momentos. Eu acredito que se pararmos de tratar a morte como um tabu e podermos falar abertamente sobre esse assunto; bem como ler e estudar sobre ele (como faz você, querido leitor, que está me lendo) tornamos o luto uma etapa um pouco menos solitária e menos sofrida.

E como tornar um luto um processo menos dolorido?

Há algumas estratégias que, comprovadamente, auxiliam nesse processo inevitável. São elas:


Crie Encontros para homenagear o falecido e ouvir os enlutados:

Atualmente temos poucos rituais da morte. Geralmente são dois ou três (velório, enterro/cremação e a Missa de 7º dia). Mas o que os estudiosos tem observado é que os Rituais auxiliam na elaboração do luto. E esses rituais podem ser um encontro da família na data de aniversário do falecido, Páscoa, Natal, Dia Mães/Pais, 1 ano de morte, 2 anos de morte… Nestes encontros a ideia é falar sobre boas lembranças do falecido e, também, de como está sendo enfrentado o luto por seus familiares. Tudo isso em meio a comida e música. Músicas e instrumentos musicais, ritmadamente, fazem a confirmação da ausência como o bater compassado de um relógio que não pára.

É certo que esses rituais, tal qual a sua forma, dão uma maior sustentação para a confirmação da ausência do falecido para que assim, quem fica, vá compreendendo a realidade da morte e facilitando a experiência do luto. Assim que alguém falece é comum muitas pessoas se compadecerem com os familiares e oferecerem sua presença, escuta e abraço. Mas com o passar dos meses poucas pessoas tem a paciência de ouvir essas pessoas enlutadas. E o luto acaba sendo ainda mais solitário, vazio e cheio de saudades. E é por isso que esses eventos de encontro dos enlutados com seus amigos e familiares, tornam-se ainda mais importantes para o enlutado dividir a sua dor e ela não se tornar maior do que a que ele pode carregar. Muitas vezes, quando essa dificuldade se acentua, o trabalho de um profissional (psicólogo) possibilita ao enlutado voltar seu pensamento para o sagrado e, em conexão com o morto homenagear sua memória.

Aprender sobre a vida e a morte através de cursos de Filosofia, Logosofia, Xamanismoou Budismo:

O impacto acarretado pela perda exige, por vezes, respostas que o enlutado não tem e que não são encontradas nas conversas do dia-a-dia. Na busca por compreender melhor o Mundo e a dor é bem-vindo recorrer a estudos desconhecidos, até então, para compreender o significado da vida e da morte. O curso de Logosofia é oferecido, gratuitamente, em Timbó em Blumenau e traz reflexões a respeito das mais profundas e antigas questões existenciais. Já o Budismo propõe a busca da sabedoria e do desapego em relação à vida. Estudar o xamanismo e as tradições não ortodoxas de povos primitivos, por sua vez, orienta o enlutado na criação de rituais que simbolizem os processos de transição e busca de explicação do desconhecido. Buscar um médium pode trazer uma comunicação do enlutado com quem se está em outra dimensão espiritual. Bem como pode trazer conformismo ao enlutado pela crença do reencontro. E, por fim, estudar as “Cartas do Caminho Sagrado” que pode permitir uma sensação de harmonia e integração com a natureza e todas as formas de vida “ [pois] é na quietude do Coração-que-Procura que se alcança os níveis mais sutis dos ensinamentos nativos e se penetra no mundo dos conhecimentos mais profundos”.

Estar perto de quem o faz bem e, ser grato, por isso!

É essencial compartilhar angústias, tristezas e, ao mesmo tempo, descobertas de ganhos advindos da perda. Para muitos que perdem alguém que amam o momento presente acaba sendo muito mais valorizado. Ao invés de viver a ansiedade do que ainda está por vir (tão comum em nosso meio) volta-se a atenção a cada pequeno ato da vida. É ao invés de brindar o futuro se concentrar nos olhares e sorrisos que se cruzam no presente e ser grato por isso. É sobre transformar toda a dor da ausência na gratidão pela presença de quem ainda está vivo. Ao aprender que um dia alguém que amamos pode partir, não economizamos amor. E assim se dedicar mais a quem está vivo.


Pensar diferente e a frente!

A nossa sociedade tenta se proteger do morrer, e assim procura inibir manifestações de dor que roubariam um tempo precioso que deveria ser voltado para a produtividade, eficiência e felicidade constante. Precisamos aprender que a felicidade é feita, também, de tristeza e lágrimas; que nós não somos máquinas; que cada um possui o seu tempo para viver o luto e, por fim, juntos precisamos aprender a aceitar a transitoriedade da condição humana via busca de autoconhecimento, outros conhecimentos e de vida emocional em paz.

Falaremos nas próximas colunas sobre outras estratégias de resignificar a morte e aspectos de sua vida. Até a próxima coluna.

 

Com carinho, Gabriela Yoná Hoffmann (Psicóloga e psicopedagoga. CRP: 12/10526. Atendimento a crianças e adultos na cidade de Pomerode. Rua Hermann Weege, número 2177. Contato no telefone (47) 99193-0602.

Dedico esse texto de forma especial a minha amada tia Norma Rahn a qual sempre lidou com a morte de peito aberto, com coragem e coração. És um exemplo, tia. Te amo.

Morte, luto e aprendizagens

A coluna desse mês será um poema precioso do aclamado escritor Paulo Coelho sobre a morte, o luto e as aprendizagens.

Deus costuma usar a solidão
Para nos ensinar sobre a convivência.
Às vezes, usa a raiva para que possamos
Compreender o infinito valor da paz.
Outras vezes usa o tédio, quando quer
nos mostrar a importância da aventura e do abandono.
Deus costuma usar o silêncio para nos ensinar
sobre a responsabilidade do que dizemos.
Às vezes usa o cansaço, para que possamos
Compreender o valor do despertar.
Outras vezes usa a doença, quando quer
Nos mostrar a importância da saúde.
Deus costuma usar o fogo,
para nos ensinar a andar sobre a água.
Às vezes, usa a terra, para que possamos
Compreender o valor do ar.
Outras vezes usa a morte, quando quer
Nos mostrar a importância da vida.

Grande Paulo Coelho! Só reconhecemos um momento feliz quando passamos por um triste. Só encontramos novos caminhos quando ficamos doentes. E, por vezes, só entendemos a vida quando nos deparamos com a morte de quem amamos. Assim os extremos se encaixam. O luto também é uma oportunidade de perdoar todos que estão a sua volta, se perdoar e viver prezando cada dia.


Um abraço, Gabriela Hoffmann.

Narração irretocável sobre a passagem da morte


Ao receber um novo paciente, com uma doença grave, penso que estamos ambos sentados à margem do rio. O paciente precisa atravessar para a margem oposta. Ele tem que fazer isso antes que anoiteça. Eu não conheço o paciente, mas conheço bem o rio. Sei onde ele é mais fundo, sei em que época ele é cheio, sei quando tem corredeira. Meu paciente não. Só que é ele quem precisa atravessar, e tem que atravessar agora. Não vai dar para esperar a melhor época do ano, quando o rio está mais favorável à travessia. E ele conta com o que eu sei sobre aquelas águas para tentar chegar em segurança do outro lado.

Às vezes, o rio é estreitinho, e eu posso dizer para o paciente: “Pode pular, garanto que você chega do outro lado sem nem molhar seus pés!” E ele vai, e fica tudo bem. Às vezes, o rio é mais largo, não dá pra pular, mas eu sei de um trecho onde ele é mais raso, e posso dizer para o meu paciente: “Olha, você vai se molhar, mas vai chegar do outro lado em segurança!” E ele vai. Chega encharcado do outro lado, mas sorri agradecido e segue seu caminho.

Só que às vezes, muitas vezes, o rio é bem largo e bem fundo. É tão largo e tão profundo que vou ter que ter muito mais critério ao avaliar as chances dele chegar ao outro lado. Eu vou ter que perguntar, por exemplo, se meu paciente sabe nadar, se o preparo físico dele está em dia, se ele tem medo de água fria. Dependendo do que ele me responder, eu vou poder orientá-lo dos riscos da travessia, e ele vai poder decidir se quer corrê-los. Pode ser que meu paciente não saiba nadar. Pode ser que ele esteja numa condição física tão ruim que, apenas de olhá-lo, sei que não vai dar para chegar do outro lado. Nessa hora é que eu vou ter que ajudá-lo a tomar as decisões certas, para que ele não morra se debatendo desesperado no meio do rio gelado. Se ele decidir correr o risco, vou pegar minha canoa e atravessar do seu lado, orientar cada braçada. Estarei ao seu lado se ele não conseguir completar a travessia, e vou garantir que sua despedida seja digna e tranquila. E, se ele quiser permanecer na margem, não tem problema. Vou ficar do lado dele, fazendo companhia, até a noite chegar” (Ana Lucia Coradazzi, médica oncologista clínica).

A morte é linda. Os profissionais que trabalham com a morte afirmam isso e descrevem sua serenidade (mesmo se antes dela se sentiu muita dor). Enxergar a beleza da morte é também ultrapassar o luto com mais paz. A morte, assim como o nascimento, é um tabu e é uma passagem. Ao longo da História da Arte parto e morte quase não foram retratados e ficaram velados. Houve uma passagem histórica de mutismo quanto a esses temas e, portanto, de não esclarecimento. E sabemos que o que é calado é, de alguma forma, revelado. Ou seja, o que é segredo possivelmente aparece como doença no corpo. A consciência, o saber de ser e a informação nos trazem paz! E o que precisamos hoje e na hora da nossa morte é paz. Que tenhamos todos uma boa travessia!

Um abraço.

E quando a morte é provocada? Leitor amigo, precisamos falar sobre o suicídio.

E quando a morte é provocada? Leitor amigo, precisamos falar sobre o suicídio.

Quando alguém provoca a sua própria morte provoca também reações diferentes, nos que ficam, das reações causadas por mortes naturais.
Essa consequência se estende a cerimônia religiosa que pode ser negada frente ao fato de algumas convicções religiosas acreditarem que o suicídio é um pecado. Com todos esses desdobramentos, o peso dos familiares tornasse ainda maior. A CULPA é um dos sentimentos mais destrutivos e comuns dos que conviveram com alguém que se matou. Vamos ler juntos agora como evitar a morte precoce. O suicídio é uma morte que eu e você podemos evitar!

Porque alguém comete suicídio?

Não há uma campanha de conscientização sobre a depressão, como ocorreu com a da Aids, no Brasil. Atualmente o suicídio mata mais que a AIDS em nosso país. E isso não precisava ser assim. A população precisa ser mais bem informada de que depressão é uma doença e que precisa de tratamento com remédio e psicólogo. E que não é vergonhoso frequentar um psicólogo. Há muito preconceito ainda por parte da população com o tratamento e desconhecimento sobre os sintomas de alguém que está deprimido.

São poucos os casos em quem o suicídio não precede a um transtorno mental. Ou seja, na grande maioria dos casos de quem tira a própria vida são pessoas que possuem algum transtorno mental. E o transtorno mental que mais mata é a depressão.

Existem pessoas se matam como uma forma de vingança (deixar alguém se sentindo culpado), mas são a minoria de casos. E, em uma pequena parte, o suicídio também está ligado a fatores genéticos e herdados dos povos antigos. Mas o grande vilão é a depressão.

Em nosso meio escutamos muitas pessoas dizendo “eu não teria coragem de me matar”, “como essa pessoa é egoísta em ter se matado e deixar tantas pessoas sofrendo” e “é o diabo agindo”. Mas esses pensamentos estão equivocados e os pensamentos suicidas mais comuns são os de que “se sentia tão fraco e sem coragem que se matou” ou “achava que não era ninguém e que não faria falta. Acreditava que sua existência era um peso para as pessoas que amava”.

Vamos aos dados estatísticos (IBGE e Datasul):

Tem sido registrado um aumento no número de suicídios em todas as faixas etárias: crianças, jovens, adultos e idosos;
No Brasil as pessoas que mais se suicidaram foram as menos escolarizadas, indígenas (132% mais casos que na população em geral) e homens maiores de 59 anos;
O suicídio é predominante no sexo masculino, com exceção da Índia e China;
Os homens brasileiros têm 3,7 vezes mais chances de se matar que as mulheres;
Os suicídios no país vêm aumentando de forma progressiva e constante: a década de 1980 praticamente não teve crescimento (2,7%); na década de 1990 o crescimento foi de 18,8%, e daí até 2012, de 33,3%”;
Para os suicidas “cão que ladra morde sim”…

É comum ouvirmos que “quem quer se matar não ameaça. Se mata e pronto. Quem ameaça quer só chamar a atenção”. Mas a maioria das pessoas que se suicidem antes deixam pistas em suas atitudes e algumas anunciam o desejo em morrer e se matar! Logo, nesse caso, o ditado popular “cão que ladra não morte” não pode ser utilizado.

As estatísticas apontam que para cada 4 tentativas de um idoso 1 consegue se suicidar. Já para os adolescentes são 200 tentativas para 1 suicídio de fato. Ou seja: O adolescente tenta mais, mas o idoso chega a cometer mais suicídio.

Porque os jovens e até mesmo as crianças se matam?

A culpa não é dos jogos suicidas em si, como a Baleia Azul, e das séries televisivas (como “As treze razões para” que conta os motivos do suicídio de uma garota). Lógico que eles estimulam o jovem que já está frágil. As maiores razões para que os jovens cometam suicídios são: as pessoas que convivem com eles não levam a sério quando eles ameaçam se matar ou quando estão agressivos acreditando ser uma fase ou modo de chamar a atenção; falta de perspectiva de vida (insegurança física e econômica – instaurada em nosso país de crise e corrupção), fracasso na escola ou com parceiro romântico, são mais impulsivos ignorando a irreversibilidade da morte e, por fim, os jovens tem mais dificuldades de pedir ajuda.

Porque os homens se matam mais que as mulheres?

Falam menos dos seus sentimentos, são mais agressivos, tem menos fé/ religiosidade, e à principal causa é que os homens são mais letais na tentativa de se matar que as mulheres e acabam tendo mais êxito que elas (exemplo: se jogam pela janela. Já as mulheres tomam muitos comprimidos).

Como identificar um potencial suicida?

  • Isolamento social
  • Mudança brusca de comportamento
  • Comportamento muito eufórico ou muito deprimido
  • Auto mutilação, cortes no corpo (usam roupas compridas para esconderem);
  • Falta investimento pessoal (desleixo com aparência)

Como você pode salvar alguém?

Ouvir, sem julgar, e ir junto em busca de ajuda de um psicólogo (para tratar a causa do problema) e um médico (para utilizar medicação – que nesses casos pelo rápido efeito que possui é imprescindível). Há opções sem custo que fornecem tratamento adequado para esses casos como o Centros de Apoio Psicossocial (CAPS) e o Centro de Valorização da Vida (CVV) que apoia emocionalmente e preveni o suicídio através de uma conversa pelo telefone 24 horas por dia através do número 141.

Até o próximo mês! Um abraço!

Como ajudar a criança a lidar com a morte

Olá querido(a) leitor! Mais um mês estamos juntos para compreender sobre esse fenômeno da morte, da tristeza, dos lutos e também da superação. Nas duas outras colunas falamos sobre as estratégias de enfrentamento, suicídio e hoje sobre a experiência da criança com a morte de alguém que ama.

A morte é a experiência mais universal e, ao mesmo tempo, mais desorganizadora e assustadora que vive o ser humano. O sentido dado à vida é repensado, as relações são refeitas a partir de uma avaliação de seu significado, a identidade pessoal se transforma. Nada mais é como costumava ser. E ainda assim há vida no luto, há esperança de transformação, de recomeço. Porque há um tempo de chegar e um tempo de partir, a vida e feita de pequenos e grandes lutos e o ser humano se dá conta de sua condição de ser mortal, porque é humano.

Segue passo a passo com estratégias para ensinar ajudar a criança a enfrentar a morte:

Dar a notícia rapidamente e por uma pessoa em que a criança tenha uma história de confiança e envolvimento. Isso a assegura de que ela não está sozinha e de que há outra pessoa para lhe prover proteção e cuidado. Esta informação deve ser dada imediatamente para a criança, em linguagem simples e direta. Você diz: “ O fulano morreu”. Coloque a criança no colo, a toque ou a abrace.

Não há problema que a criança veja os adultos em lágrimas. É benéfico que a criança experiencie o luto dos demais juntamente com seu próprio luto. Você a está ensinando a lidar naturalmente com seus sentimentos quando você não esconde os seus. Como por exemplo ao dizer: “Estou muito triste porque o papai morreu” ou “Estou bravo porque mamãe não está mais aqui para cuidar de nós”.

Contar a criança o que acontecerá depois. Após contar que um ente querido morreu, explique sobre o velório e o funeral. A criança terá muitas dúvidas. É importante responder as questões o mais simples e honestamente possível. O que ela irá querer saber dependerá de sua idade e experiência prévia com a morte. É uma boa ideia levar a criança ao funeral, mas não a force a ir. Crianças como os adultos precisam dividir sua dor. O funeral permite que as pessoas se juntem e expressem seus sentimentos. A criança deve receber uma explicação detalhada do funeral antes de decidir se quer ir. Bem como, que se tire todas as dúvidas que ela possa vir a ter.
Geralmente crianças pré-escolares não entendem que a morte é final; podem perguntar ”Quando vovó vai voltar?”.

Entre cinco e dez anos crianças começam a entender que a morte é irreversível, mas acreditam que somente pessoas velhas e vítimas de acidentes morrem.

Após os 10 anos a criança começa a entender que a morte é parte da ordem natural das coisas e que as pessoas morrem em todas as idades, por diversas razões.

Converse com seu filho e o encoraje a falar também. Mas evite utilizar metáforas. Se você diz para uma criança pequena “O vovô está dormindo para sempre”, por exemplo, ela pode ficar com medo de dormir. Lógico que usar uma linguagem lúdica e do Universo Infantil ajudam, como dizer que “agora o vovô virou uma estrelinha do céu”

Não diga a criança “Seja forte, não chore”. Esta é uma situação triste, e a criança precisa expressar sua tristeza. Mostre que é permitido falar sobre a pessoa que morreu, e compartilhe seus sentimentos. O carinho irá confortar a criança que sente a angústia na família, mesmo que ela não entenda o que aconteceu. Crianças cercadas pela tristeza precisam ser reasseguradas de que são amadas.

Fique atento as maneiras sutis que as crianças expressam sofrimento! Crianças comumente concluem que de alguma forma causaram a morte. Podem pensar “Eu fui mau, então minha mãe me abandonou”, ou “Eu desejei que minha irmã morresse e isso aconteceu”. Diga para a que ela, várias vezes, que ela não tem culpa pelo que aconteceu. Criança culpada pode ficar deprimida. Outras reações comuns de crianças, além da culpa, são a de negação da morte e tornar-se por ter raiva da pessoa que morreu tê-la abandonado.

Ainda que a criança possa aparentemente não estar sofrendo, expressa sua dor de modos mais sutis, como regredir e começar a chupar o dedo, molhar a cama e agir como bebê. Também pode ficar hostil com os colegas ou tratar seus brinquedos com violência. Pode desejar ou temer morrer. O rendimento escolar pode cair ou algum outro comportamento mudar.

Lembre-se que a relação da criança com o falecido não acabou, somente mudou. Após o funeral mantenha fotos e outras lembranças do falecido para conversar sobre elas com a criança. Isto irá ajudar a formar um novo tipo de vínculo da criança com a pessoa que morreu.

Até o início do próximo mês!

Nova coluna sobre luto

Com o intuito de amenizar a dor da perda, auxiliando familiares enlutados neste momento de profunda dor, e também com o objetivo de falar um pouco sobre este tabu, que é a morte, traremos mensalmente em nosso site, reflexões sobre o tema.

A morte de um ente querido não pode ser motivo para você desistir. A dor da perda naturalmente ocorrerá, mas existem caminhos para absorver, amenizar e superar esta profunda dor.

A fé, o carinho de familiares e amigos e a psicologia são caminhos para transformar a dor em eternas boas lembranças.

A Coluna será escrita pela psicóloga Gabriela Yoná Hoffmann e estreia neste fim de semana.